segunda-feira, 14 de novembro de 2016


Cláudio Manuel da Costa -Vila Rica 

SONETO VII

Onde estou? Este sitio desconheço: 
Quem fez tão diferente aquele prado? 
Tudo outra natureza tem tomado, 
E em contemplá-lo, tímido, esmoreço. 
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço 
De estar a ela um dia reclinado; 
Ali em vale um monte está mudado: 
Quanto pode dos anos o progresso! 
Árvores aqui vi tão florescentes, 
Que faziam perpétua a primavera: 
Nem troncos vejo agora decadentes. 
Eu me engano: a região esta não era; 
Mas que venho a estranhar, se estão presentes 
Meus males, com que tudo degenera!

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Análise do texto:

O poema fala sobre as tranformações de um ambiente, que ocorreram pela atividade mineradora.
O texto nos apresenta no começo um eu lirico confuso, sem saber onde está, desconhecendo o lugar em que se encontra, mas ao decorrer do texto ele se recorda do lugar e diz que viu florescer arvores ali, porém por conta da devastação nem troncos haviam lá, por isso ele acha que se enganou, e não era a mesma região que ele se recordava.

Maria Eduarda Porteles

6 comentários:

  1. Concordo com a análise de Maria Eduarda.
    Gostaria de complementar, falando mais uma vez a respeito de uma expressão em latim utilizada no arcadismo: "locus amoenus", cujo significado é "lugar ameno".
    Fundamenta-se numa descrição da paisagem ideal, ambiente de tranquilidade. O tema é ainda escolhido para as descrições do retorno do homem à natureza, a felicidade e ao paraíso perdido.
    Maria Clara Menezes

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  2. Na primeira estrofe do poema,o poeta deixa claro sua perplexidade diante uma natureza modificada. Mostra-se totalmente surpreso com o meio, onde o mesmo lhe parece estranho, desconhecido. Mas na segunda estrofe o autor deixa claro que já estivera lá um dia. A poesia pastoral é o principal tema e está vinculada ao desenvolvimento da cultura urbana, transformando o campo num bem perdido.
    Eu percebi a expressão "fugere urbem", que é "quebrada" com os sentimentos frustração do eu lírico.
    É interessante perceber na terceira estrofe o contraste entre a antiga natureza com sua exuberância tropical e a natureza atual, tão pobre e usurpada.
    Finalmente na quarta estrofe ele assume a responsabilidade pelos agravos naturais, não como ser único, mas sim como alegoria do meio, do bom selvagem.

    PEDRO RODRIGUES..

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  3. Concordo com as análises anteriores e percebi também que durante todo poema, o eu lírico demonstra (além de desconhecimento do lugar que estava pois foi todo modificado) uma certa saudade dos tempos antigos, deixando aparecer a expressão ''locus amoenus'', que seria o ''lugar ameno'' como bem disse a Maria Clara. Faz também uma crítica, mostrando que o homem tem degenerado tudo aquilo que a natureza lhe oferece:
    ''Eu me engano: a região esta não era;
    Mas que venho a estranhar, se estão presentes
    Meus males, com que tudo degenera!''

    Naara Silva

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  4. Concordo com as análises anteriores, principalmente nas partes em que exteriorizam essa confusão que o autor retrata na primeira estrofe e na parte em que o eu lírico mostra sua indignação com os acontecimentos no local, onde tudo fora modificado, degenerado. Quero ressaltar também a linguagem de fácil compreensão que o autor apresenta no soneto, pois no Barroco tínhamos uma linguagem mais rebuscada, apesar de Cláudio Manoel ser um "poeta de transição" entre os períodos.

    Pedro Henrique Soares

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  5. Todas análises estão muito bem descritas.
    Gostaria de complementar com uma ação que percebi. O eu lírico procura o campo (fugere urbem),tem o anseio de reviver memórias antigas, está em busca de toda beleza um dia vista na paisagem. Mas todo esse desejo entra em contradição com a atual situação do meio...Está praticamente destruído..
    E no final do poema ele assume a culpa, não individualmente, mas como um ser que participa do meio.
    Como a figura do "bom selvagem".

    Emerson Vinhosa.

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