Cláudio Manuel da Costa -Vila Rica
SONETO VII
Onde estou? Este sitio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado,
E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado;
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!
_________________________________________________________________Análise do texto:
O poema fala sobre as tranformações de um ambiente, que ocorreram pela atividade mineradora.O texto nos apresenta no começo um eu lirico confuso, sem saber onde está, desconhecendo o lugar em que se encontra, mas ao decorrer do texto ele se recorda do lugar e diz que viu florescer arvores ali, porém por conta da devastação nem troncos haviam lá, por isso ele acha que se enganou, e não era a mesma região que ele se recordava.
Maria Eduarda Porteles
Concordo com a análise de Maria Eduarda.
ResponderExcluirGostaria de complementar, falando mais uma vez a respeito de uma expressão em latim utilizada no arcadismo: "locus amoenus", cujo significado é "lugar ameno".
Fundamenta-se numa descrição da paisagem ideal, ambiente de tranquilidade. O tema é ainda escolhido para as descrições do retorno do homem à natureza, a felicidade e ao paraíso perdido.
Maria Clara Menezes
Na primeira estrofe do poema,o poeta deixa claro sua perplexidade diante uma natureza modificada. Mostra-se totalmente surpreso com o meio, onde o mesmo lhe parece estranho, desconhecido. Mas na segunda estrofe o autor deixa claro que já estivera lá um dia. A poesia pastoral é o principal tema e está vinculada ao desenvolvimento da cultura urbana, transformando o campo num bem perdido.
ResponderExcluirEu percebi a expressão "fugere urbem", que é "quebrada" com os sentimentos frustração do eu lírico.
É interessante perceber na terceira estrofe o contraste entre a antiga natureza com sua exuberância tropical e a natureza atual, tão pobre e usurpada.
Finalmente na quarta estrofe ele assume a responsabilidade pelos agravos naturais, não como ser único, mas sim como alegoria do meio, do bom selvagem.
PEDRO RODRIGUES..
Concordo com as análises anteriores e percebi também que durante todo poema, o eu lírico demonstra (além de desconhecimento do lugar que estava pois foi todo modificado) uma certa saudade dos tempos antigos, deixando aparecer a expressão ''locus amoenus'', que seria o ''lugar ameno'' como bem disse a Maria Clara. Faz também uma crítica, mostrando que o homem tem degenerado tudo aquilo que a natureza lhe oferece:
ResponderExcluir''Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!''
Naara Silva
Concordo com as análises anteriores, principalmente nas partes em que exteriorizam essa confusão que o autor retrata na primeira estrofe e na parte em que o eu lírico mostra sua indignação com os acontecimentos no local, onde tudo fora modificado, degenerado. Quero ressaltar também a linguagem de fácil compreensão que o autor apresenta no soneto, pois no Barroco tínhamos uma linguagem mais rebuscada, apesar de Cláudio Manoel ser um "poeta de transição" entre os períodos.
ResponderExcluirPedro Henrique Soares
Todas análises estão muito bem descritas.
ResponderExcluirGostaria de complementar com uma ação que percebi. O eu lírico procura o campo (fugere urbem),tem o anseio de reviver memórias antigas, está em busca de toda beleza um dia vista na paisagem. Mas todo esse desejo entra em contradição com a atual situação do meio...Está praticamente destruído..
E no final do poema ele assume a culpa, não individualmente, mas como um ser que participa do meio.
Como a figura do "bom selvagem".
Emerson Vinhosa.
Gostei muito, gente!
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