domingo, 30 de outubro de 2016

Cláudio Manoel da Costa
Soneto: VIII

Este é o rio, a montanha é esta, 
Estes os troncos, estes os rochedos; 
São estes inda os mesmos arvoredos; 
Esta é a mesma rústica floresta.

Tudo cheio de horror se manifesta, 
Rio, montanha, troncos, e penedos; 
Que de amor nos suavíssimos enredos 
Foi cena alegre, e urna é já funesta.

Oh quão lembrado estou de haver subido 
Aquele monte, e as vezes, que baixando 
Deixei do pranto o vale umedecido!

Tudo me está a memória retratando;
Que da mesma saudade o infame ruído
Vem as mortas espécies despertando.

Análise: O autor descreve a saudade que sente daquele lugar simples e calmo, exteriorizando suas emoções quando estava presente no mesmo. Além de mitificar o campo como lugar ideal para se viver em pleno século das luzes, já que o Arcadismo foi um período que aconteceu durante a ascensão do iluminismo. O soneto acima nos mostra a predominância do bucolismo e do pastoralismo, na qual o autor busca os valores da natureza e apresenta a simplicidade e a humildade de viver no campo. Nos da a idéia que o campo é uma espécie de redução do mundo. Apresenta uma linguagem de fácil compreensão, ao contrário do Barroco; procura descrever objetivamente o cenário situado; e sua descrição é indicativa de um lugar feliz. Também apresenta traços do Barroco, pois Cláudio Manoel foi um poeta de transição entre os períodos.

Pedro Henrique Soares

Tomás Antônio Gonzaga

Tomás Antônio Gonzaga 
Marília de Dirceu 
  Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,  
que viva de guardar alheio gado,  
de tosco trato, de expressões grosseiro,  
dos frios gelos e dos sóis queimado. 
Tenho próprio casal e nele assisto; 
dá-me vinho, legume, fruta, azeite; 
das brancas ovelhinhas tiro o leite  
e mais as finas lãs, de que me visto.      
Graças, Marília bela, graças à minha estrela!   
Eu vi o meu semblante numa fonte:  
dos anos inda não está cortado; 
os pastores que habitam este monte  
respeitam o poder do meu cajado. 
Com tal destreza toco a sanfoninha,  
que inveja até me tem o próprio Alceste:  
ao som dela concerto a voz celeste,  
nem canto letra que não seja minha.      
Graças, Marília bela,      
graças à minha estrela! 

Análise 
No poema o autor faz a exaltação da vida pastoril, campestre, no entendimento de que a felicidade e a beleza decorrem da vida no campo. É da convenção arcádica o poeta identificar-se artisticamente como pastor e identificar sua musa como pastora. No estribilho, o poeta manifesta-se satisfeito com o próprio destino: “Graças, Marília bela, / Graças à minha estrela. É evidente o propósito de autovalorização : nos versos 11 e 12; na afirmação da juventude: nos versos 13 e 14; na alusão à virilidade; e na exaltação da sensibilidade artística: nos versos 15 e 16. 
Aluno: Emerson Vinhosa

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

ENEM 2013 - QUESTÃO 107


  – Ora dizeis, não é verdade? Pois o Sr. Lúcio queria esse cravo, mas vós lho não podíeis dar, porque o velho militar não tirava os olhos de vós; ora, conversando com o Sr. Lúcio, acordastes ambos que ele iria esperar um instante no jardim…

(MACEDO, J.M. A moreninha.)

O trecho faz parte do romance A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo. Nessa parte do romance, há um diálogo entre dois personagens. A fala transcrita revela um falante que utiliza uma linguagem

(A) informal, com estruturas e léxico coloquiais.

(B) regional, com termos característicos de uma região.

(C) técnica, com termos de áreas específicas.

(D) culta, com domínio da norma padrão.

(E) lírica, com expressões e termos empregados no sentido figurado.

______________________________________________________________________________
A alternativa correta seria a D pois não há evidências de uma estruturação com o emprego da linguagem coloquial e pelo autor ter total domínio sobre a gramática, não expondo erros. Dessa forma não se pode dizer que seja regional, pois não há emprego de nenhuma variação linguística que aborde determinada região; técnica, pelo fato de não haver termos de uma área específica ou lírica, porque o texto não se utiliza da linguagem conotativa.

Naara Silva
ENEM 2014 - QUESTÃO 111

Quando Deus redimiu da tirania
Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.

Páscoa de flores, dia de alegria
Àquele povo foi tão afligido
O dia, em que por Deus foi redimido;
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.

Pois mandado pela Alta Majestade
Nos remiu de tão triste cativeiro,
Nos livrou de tão vil calamidade.

Quem pode ser senão um verdadeiro
Deus, que veio estirpar desta cidade
o Faraó do povo brasileiro.

(DAMASCENO,  D. Melhores  poemas: Gregório de  Matos. São Paulo: 2006)

Com uma  elaboração de  linguagem e uma visão  de  mundo  que  apresentam  princípios barrocos, o   soneto de  Gregório de  Matos apresenta  temática expressa  por

(A) visão cética sobre as relações sociais.

(B) preocupação com  a identidade brasileira.

(C) crítica velada à forma de governo vigente.

(D) reflexão sobre dogmas do Cristianismo.


(E) questionamento das práticas pagãs na Bahia.

_______________________________________________________________________________
A alternativa correta seria a C. Assim como tantos outros esse texto de Gregório apresenta uma enorme intertextualidade com as Sagradas Escrituras. Os poetas barrocos se utilizavam da literatura para poder criticar a sociedade da sua época de diversas formas, até mesmo por meio de metáforas (como é  o caso do texto acima). Sabendo disso, o candidato deve analisar e recordar as características poéticas daquele escritor para que possa resolver a questão.

GABARITO OFICIAL 


Naara Silva












quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Assinale a questão em que o trecho apresenta características do Barroco no Brasil:


A) “Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido: Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado.”

B) “Alma minha gentil, que te partiste/Tão cedo desta vida, descontente,/Repousa lá no Céu eternamente,/E viva eu cá na terra sempre triste./Se lá no assento etéreo, onde subiste,/Memória desta sida se consente,/Não te esqueças daquele amor ardente/Que já nos olhos meus tão puro viste.”

C) “Última flor do Lácio, inculta e bela,/És, a um tempo, esplendor e sepultura;/Ouro nativo, que, na ganga impura,/A bruta mina entre cascalhos vela.”

D) “Parece até que sobre a fronte angélica/Um anjo lhe depôs coroa e nimbo.../Formosa a vejo assim entre meus sonhos/Mais bela no vapor do meu cachimbo.”

E) “Lá na úmida senzala,/Sentado na estreita sala,/Junto ao braseiro, no chão,/Entoa o escravo o seu canto,/E ao cantar correm-lhe em pranto/Saudades do seu torrão.”

_________________________________________________________________________
A alternativa A é a mais adequada, pois ela faz a utiliza do lírico religioso, muito presente no barroco, no texto ele faz menção do amor de Deus, e se mostra culpado e arrependido dos seus atos.

Gabarito oficial 

A


Maria Eduarda Porteles

quarta-feira, 19 de outubro de 2016



ENEM 2012  QUESTÃO 131


BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989. (Foto: Reprodução/Enem)BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989. (Foto: Reprodução/Enem)


Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela
  1. A
     
    liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação.
  2. B
     
    credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais.
  3. C
     
    simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino.
  4. D
     
    personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares.
  5. E
     
    singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas.
  6. _______________________________________________________________________________

  7. Análise da resposta



  8. O artista Aleijadinho funde as características do rococó junto com figuras de homens religiosos, porém com feições mais próximas ao homem, portanto a alternativa que mais segue esse caminho é a letra D, pois ele dá um toque de personalidade, pois usa imagens religiosas com um rosto mais popular.


  9. Gabarito oficial:

    D

    Maria Eduarda Porteles

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Música Barroca

Música Barroca é toda música ocidental correlacionada com a época cultural homônima na Europa, que vai desde o surgimento da ópera por Claudio Monteverdi no século XVII, até a morte de Johann Sebastian Bach, em 1750. Trata-se de uma das épocas musicais de maior extensão, fecunda, revolucionária e importante da música ocidental e provavelmente a mais influente. As características mais importantes são o uso do baixo contínuo, desejo e da harmonia tonal, em oposição aos modos gregorianos até então vigente. Na realidade, trata-se do aproveitamento de dois modos: o modo jônico (modo "maior") e o modo eólio (modo "menor").
No vídeo acima, temos alguns exemplos de música clássica barroca.

 Maria Clara Menezes e Pedro Rodrigues.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

BASÍLICA DE SÃO PEDRO.

A Basílica de São Pedro, se encontra no estado do Vaticano e é uma das maiores igrejas do cristianismo. É o edifício com o interior mais proeminente do Vaticano, sendo sua cúpula uma característica dominante do horizonte de Roma, adornada com 340 imagens de santos, mártires e anjos. Situada na Praça de São Pedro, sua construção recebeu contribuições de alguns dos maiores artistas da humanidade, tais como: BRAMANTE, MICHELANGELO, RAFAEL E BERNINI. Pertence ao estilo arquitetônico renascentista barroco.



Pedro Rodrigues.

A Torre dos Clérigos

A Torre dos Clérigos é a torre mais alta de Portugal, com 75,60 metros de altura. Foi começada em 1754 e concluída em 1763 sob a direção do arquiteto Nicolau Nasoni. é um monumento representativo da arte barroca em Portugal, caracterizada pela abundância da decoração. Constituída por seis andares, mas o destaque vai para o terceiro andar, onde há quatro sineiras e o carrilhão do concerto que utiliza quarenta e nove sinos.




Maria Clara Menezes

APOLO E DAFNE (GIAN LORENZO BERNINI)



APOLO E DAFNE, é uma das esculturas mais famosas de BERNINI, que foi um grande escultor barroco italiano. O autor sabia como transformar o mármore rígido em feições delicadas e em pura ação e movimento, trazendo a quem vê, toda tragédia do movimento.
Nessa obra, ele insere o observador na ação. O modo desesperado no qual Dafne tenta fugir de Apolo alucinado e como a cena é captada no exato momento em que a ninfa se transforma em um loureiro para ser protegida. PEDRO RODRIGUES.

O Êxtase de Santa Teresa




O Êxtase de Santa Teresa é uma escultura de Gian Lorenzo Bernini, representando a experiência mística de Santa Teresa Ávila trespassada por uma seta de amor divino por um anjo, realizada para a capela do cardeal Federico Cornaro. Esculpida durante o período de 1645-1652, seguindo as tendências do estilo barroco, hoje ela se encontra em um nicho em mámore e bronze dourado na Capela Cornaro, Igreja de Santa Maria della Vittoria, Roma.

























Maria Clara Menezes

MORTE DA VIRGEM (CARAVAGGIO)



A "Morte da virgem" é uma pintura a óleo realizada entre 1604 e 1606 pelo autor italiano MICHELANGELO MERISI DA CARAVAGGIO . É o maior quadro de altar pintado pelo autor. O clero recusou a pintura, dizendo que a obra tratava de uma ofensa à igreja católica. Alegavam que a mesma era totalmente desprovida de santidade. A relacionavam com Maria, dizendo que ela estaria morta, enquanto os discípulos se entristecem com a cena e Maria Madalena chora com o rosto escondido... Essa é uma das interpretações que nada agradaram a igreja. Por isso, houve a rejeição. PEDRO RODRIGUES.

As Meninas (Velázquez)

As Meninas é uma pintura de 1656 por Diego Velázquez, o principal artista do Século de Ouro Espanhol. Ela está atualmente no Museu do Prado, em Madrid. A composição enigmática e complexa da obra levanta questões sobre realidade e ilusão, criando uma relação incerta entre o observador e as figuras representadas. Por essas complexidades, As Meninas é uma das obras mais analisadas da pintura ocidental.



Maria Clara Menezes

domingo, 9 de outubro de 2016

Gregório de Matos
Poeta brasileiro

Biografia e Vida


Gregório de Matos (1636-1695) foi um poeta brasileiro. Desenvolveu uma poesia lírica e religiosa, mas se destacou por sua poesia satírica, recebendo o apelido de "Boca do Inferno".

Gregório de Matos (1636-1665) nasceu em Salvador, Bahia, no dia 23 de dezembro de 1636. Filho de pai português e mãe baiana, frequentou o Colégio da Companhia de Jesus. Foi estudar na Universidade de Coimbra. Em 1661 já está casado e formado em Direito. Neste mesmo ano, é nomeado juiz em Alcácer do Sal, no Alentejo. Volta à Salvador, nomeado procurador da cidade, junto a corte portuguesa. Fica viúvo e casa-se novamente.

Além de grande poeta, fez também um trágico retrato da vida e da cultura baiana do século XVII. Como não havia imprensa no Brasil Colônia, seus poemas tiveram circulação escrita e oral. Sua produção poética pode ser dividida em três linhas: satírica, lírica e religiosa. Seus poemas líricos e religiosos revelam influência do barroco espanhol. Sua poesia satírica é do tipo que ataca sem compostura, toda a sociedade baiana, da qual ele se sentia um censor e uma vítima. Por suas críticas ferinas, recebeu o apelido de "Boca do Inferno".

Em 1694, por suas críticas violentas e debochadas às autoridades da Bahia, é degredado para Angola. Em 1695 recebe permissão para voltar ao Brasil, mas não para a Bahia. Vai viver na cidade do Recife.

Gregório de Matos Guerra morreu em Recife, no dia 26 de novembro de 1695.
Gregório de Matos não publicou nada em vida. A totalidade de sua obra se manteve inédita, até quando Afrânio Peixoto a reuniu em 6 volumes, publicados no Rio de Janeiro, pela Academia Brasileira de Letras, entre 1923 e 1933, sob o título de "Obras de Gregório de Matos".

Obras de Gregório de Matos

Obras de Gregório de Matos, 1923-1933
Vol. I, Sacra
Vol. II, Lírica
Vol. III, Graciosa
Vols. IV e V, Satírica
Vol. VI, Última
Obras Completas de Gregório de Matos, 7 vols, 1968
Gregório de Matos - Obras Completas, 1945



Pedro Henrique Soares
Biografia de Padre Antônio Vieira

Antônio Vieira (1608-1697) foi um religioso, escritor e orador português. Lutou contra a escravidão dos índios, numa época em que era normal ter escravos. Defendeu a liberdade religiosa, num tempo em que os suspeitos de heresia eram condenados pela inquisição. Entrou para a Companhia de Jesus e ainda noviço foi indicado para redigir a carta com os relatos das atividades dos jesuítas, enviada anualmente a seus superiores em Lisboa.
Antônio Vieira (1608-1697) nasceu em Lisboa, na Rua do Cônego, próximo a Sé, no dia 6 de fevereiro de 1608. Filho de Cristóvão Vieira Ravasco e Maria de Azevedo. Seu pai era escrivão da inquisição e foi nomeado para o cargo de escrivão em Salvador e só em 1614 sua família veio para o Brasil. Antônio Viera tinha 6 anos na época.
Foi no Colégio dos Jesuítas, em Salvador, o único na época, que Antônio Vieira estudou. Em 1623 descobriu a vocação para o sacerdócio e entrou para a Companhia de Jesus. Em 1626, ainda noviço, se destacou nos estudos sendo indicado para redigir as atividades dos Jesuítas, em carta anual, remetida para os superiores em Lisboa.
Antônio Vieira, de noviço passou a estudante de teologia. Fez curso de lógica, física, economia e matemática. Em 1627 começou a dar aulas de retórica em Olinda. Em 1633 começou suas pregações, visitando as aldeias indígenas, próximas da cidade. No ano seguinte se ordena sacerdote e em 1638, passou a dar aulas de teologia. Como pregador em cima de um púlpito, sua fama se espalhou, defende a colônia, se rebela contra a escravidão e clama pela expulsão dos holandeses em Pernambuco.
Em 1640, em Portugal, D João IV sobe ao trono, restaurando a monarquia, depois de sessenta anos de subordinação ao trono espanhol. Em fevereiro de 1641, Antônio Vieira parte para Lisboa. Em 1642 seus sermões já haviam conquistado o rei e a rainha D. Luísa. Torna-se o guardião da Coroa. Em seus sermões procura apoio para o rei diante de uma reunião com os representantes do povo, a nobreza e o clero, onde se votariam os tributos para a continuação da guerra com a Espanha.
Inicia-se em Portugal nessa época, uma disputa entre jesuítas e dominicanos. Os jesuítas propagavam a fé através da catequese, enquanto os dominicanos se propunham a defendê-la organizando os tribunais da Inquisição. António Vieira propõe anistia aos judeus e a volta deles para Portugal, uma vez que a maioria era comerciante e seria de grande valor para o reino. Sugere a criação de companhias mercantis, uma Oriental e outra Ocidental.
Antônio Vieira foi nomeado embaixador para negociar a paz com a Holanda, que recusava todas as propostas para retirar-se de Pernambuco. Viaja para Paris e em seguida para Holanda. De volta ao Brasil, segue para o Maranhão com o objetivo de libertar os índios injustamente cativos. Em 1661 foi expulso do Maranhão, pelos senhores de escravos que não aceitavam suas ideias. Voltou para Lisboa onde foi preso pela inquisição, que o acusou de heresia. Anistiado em 1669, viajou para Roma, quando foi absolvido pelo Papa em 1675.
Padre Antônio Vieira abandonou definitivamente a Corte, voltou para Bahia, onde entre os anos de 1681 e 1694 dedicou-se a ordenar seus sermões para transformá-los em livros. Doente e quase cego, fez suas últimas pregações. Antônio Vieira deixou mais de 200 sermões e 700 cartas.
Padre Antônio Vieira morreu em Salvador, Bahia, no dia 17 de junho de 1697.

Características Das Obras
Podemos dividir as obras de Padre Antônio Vieira em:
Profecias: constituintes de três obras:História de Portugal e Clavis prophetarum.
Cartas: são cerca de 500 cartas, que tratam de assuntos sobre a relação de Portugal e Holanda, a Inquisição e os cristãos-novos. São tidos como documentos históricos importantes, já que tratam das diversas situações sócio-políticas da época.
Sermões: são aproximadamente 200 sermões, com estilo barroco conceptista, que trata o assunto de maneira racional, lógica e utiliza retórica aprimorada. Um dos seus sermões mais conhecidos é o "Sermão da Sexagésima", o qual é metalinguístico, já que tem como tema a própria arte de pregar. Além deste, temos: Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda, Sermão de Santo Antônio e Sermão aos peixes.

Principais Obras
Sermão da Sexagenária
Sermão de Santo Antônio aos Peixes
Sermão do Mandato
Sermão de São Pedro
Sermão de São Roque
Sermão de Santa Teresa
Sermão de Todos os Santos
Sermão do Espírito Santo
Sermão de Nossa Senhora do Rosário
Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal Contra a Holanda
Cartas
Arte de Furtar
Quinto Império
História do Futuro
Esperanças de Portugal.
Emerson Vinhosa dos Santos.

sábado, 8 de outubro de 2016

À mesma D. Ângela - Gregório de Matos

À mesma D. Ângela
Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara:
Quem vira uma tal flor, que a não cortara,
De verde pé, da rama fluorescente;
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus o não idolatrara?
Se pois como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que por bela, e por galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda

Análise do poema

O soneto mostra-se paradoxal em uma contradição que organiza o poema todo com uma figura feminina que é ao mesmo tempo anjo e flor, espírito e matéria. 
Neste soneto Gregório mostra-se um poeta lírico falando de sua amada. Revela muito do estilo cultista por meio do jogo de palavras usado: “Ângela” = “Angélica” = “Anjo”, “flor” = “florente”, seguindo a tradição de Camões ao comparar a beleza da mulher à natureza. O seu tema central é a contradição da mulher Ângela, que no poema é colocada no lugar da flor (metáfora da beleza), o objeto do desejo e em ''anjo'' metáfora de pureza e símbolo da elevação espiritual, no qual ocorre o uso de vários trocadilhos. Angélica (que é pura como um anjo e ao mesmo tempo é o nome de uma flor que inspira sensualidade) trata-se de uma mulher que tem uma feição angelical tão bela e amorosa que passa a ideia de uma flor por ser muito delicada. Uma imagem de mulher construída a partir de duas palavras, que é associada ao seu nome e ao seu rosto: flor “Angélica na cara” e anjo “Anjo no nome”. Aqui podemos perceber a presença de uma contradição, já que a mulher amada é um anjo (plano espiritual) e flor (plano material). A sua imagem é a de um anjo, mas que tenta e não guarda, mostrando assim um grande toque barroco aparente no jogo de contradição revelado. Se essa mulher é um anjo, como é possível que, em lugar de garantir proteção, cause apenas tentação ao lírico? A contradição entre o amar e o querer desemboca no paradoxo dos versos finais: “Sois anjos, que me tenta, e não me guarda”. Assim o louvor e a exaltação de uma beleza angelical termina com uma tentação demoníaca e que gera a imagem angelical feminina, e a tentação da carne que atormenta o espírito.

Naara Silva 

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Cegueira de Olhos Abertos

A cegueira que cega cerrando os olhos, não é a maior cegueira; a que cega deixando os olhos abertos, essa é a mais cega de todas: e tal era a dos Escribas e Fariseus. Homens com os olhos abertos e cegos. Com olhos abertos, porque, como letrados, liam as Escrituras e entendiam os Profetas; e cegos, porque vendo cumpridas as profecias, não viam nem conheciam o profetizado. 
(...) Esta mesma cegueira de olhos abertos divide-se em três espécies de cegueira ou, falando medicamente, em cegueira da primeira, da segunda, e da terceira espécie. A primeira é de cegos, que vêem e não vêem juntamente; a segunda de cegos que vêem uma coisa por outra; a terceira de cegos que vendo o demais, só a sua cegueira não vêem. 
Padre António Vieira, in "Sermões


Análise 
Neste poema padre Antônio Vieira nos leva a fazer uma reflexão sobre nossa visão de mundo, sobre o que vemos e não vemos, e o que as vezes deixamos de enxergar por não querer.
No texto ele faz utilização da ironia e da antítese, que são características muito marcantes da literatura barroca, ele satiriza quando diz sobre os escribas e os fariseus, que mesmo sendo letrados não enxergam o cumprimento das profecias (ironia), e diz também que são cegos "que vêem e não vêem juntamente" (antítese).
Eu particulamente achei muito interssante esse texto, nos faz pensar sobre como temos visto as coisas ao nosso redor, será que temos sido como os escriba e fariseus, que mesmo tendo conhecimento não enchergamos? É um pensamento bem interssante, e assim como todos os textos escritos por ele, apesar de ter sido escrito no séc. XVII são muito atuais, e encaixam-se perfeitamente com o nosso cotidiano.
Maria Eduarda Porteles