domingo, 30 de outubro de 2016

Tomás Antônio Gonzaga

Tomás Antônio Gonzaga 
Marília de Dirceu 
  Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,  
que viva de guardar alheio gado,  
de tosco trato, de expressões grosseiro,  
dos frios gelos e dos sóis queimado. 
Tenho próprio casal e nele assisto; 
dá-me vinho, legume, fruta, azeite; 
das brancas ovelhinhas tiro o leite  
e mais as finas lãs, de que me visto.      
Graças, Marília bela, graças à minha estrela!   
Eu vi o meu semblante numa fonte:  
dos anos inda não está cortado; 
os pastores que habitam este monte  
respeitam o poder do meu cajado. 
Com tal destreza toco a sanfoninha,  
que inveja até me tem o próprio Alceste:  
ao som dela concerto a voz celeste,  
nem canto letra que não seja minha.      
Graças, Marília bela,      
graças à minha estrela! 

Análise 
No poema o autor faz a exaltação da vida pastoril, campestre, no entendimento de que a felicidade e a beleza decorrem da vida no campo. É da convenção arcádica o poeta identificar-se artisticamente como pastor e identificar sua musa como pastora. No estribilho, o poeta manifesta-se satisfeito com o próprio destino: “Graças, Marília bela, / Graças à minha estrela. É evidente o propósito de autovalorização : nos versos 11 e 12; na afirmação da juventude: nos versos 13 e 14; na alusão à virilidade; e na exaltação da sensibilidade artística: nos versos 15 e 16. 
Aluno: Emerson Vinhosa

9 comentários:

  1. No poema acima, o autor faz enorme referência à vida pastoril, e simples, dizendo que já está satisfeito com aquele modo de vida autossufienciente. E que graças a sua amada mostra que tem tal predominância onde vive e que todos o respeitam, ou seja, mostra sua imposição no território.
    Pedro Henrique Soares

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  2. Por se tratar do ARCADISMO,o eu lírico assume um papel de camponês,pastor de ovelhas,assim como sua amada. Dirceu descreve todo seu sentimento pela jovem. Há uma preocupação dele em louvá-la por beleza.

    Pedro Rodrigues.

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  3. Como ja foi destacado por todos, o autor se refere muito ao campo, e descreve sua paixão por sua amada que é pastora de ovelhas como ele.
    Maria Eduarda Porteles

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  4. O autor nos deixa bem evidente a satisfação que tem com sua singela vida de pastoreio junto a sua amada, como já citado muito bem.
    Podemos identificar no poema: a valorização da vida no campo e a idealização da mulher amada. São duas, de muitas outras, importantes características do arcadismo.
    Maria Clara Menezes

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  5. É importante ressaltar que Tomás Antônio Gonzaga assume o papel de Dirceu, um pseudônimo criado por ele para esse conjunto de liras (intitulado Marília de Dirceu). Nessa obra Dirceu assume o papel de pastor que cultiva o ideal de vida campestre, como já foi dito. Porém o mais interessante é que nessas obras vemos um reflexo da sociedade da época, ou seja, por mais que o conjunto seja dedicado à ela, não vemos sua voz sendo idealizada (sociedade patriarcal que não permitia que as suas personagens se manifestassem).
    Naara Silva

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  6. Muito bem, turminha!

    Naara explicou direitinho o uso dos pseudônimos. Porém, gostaria que explicassem o seguinte: Por que Marília é conhecida como Marília de Dirceu? O autor é pastor também? Ou só o eu-lírico que é? Qual a relação do uso de pseudônimo com o fingimento poético?

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  7. Nos próximos poemas, observem se estão presentes os seguintes temas:
    1- Fugere urbem
    2- Carpe diem
    3- Aurea mediocritas
    4- Locus amoenus
    5- Inutilia truncat

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  8. Emerson, o que houve com a configuração do texto? Ele não está no formato de um poema. Explique, por favor, o que significa estribilho.

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  9. Verso ou versos repetidos no final de cada estrofe de uma composição poética ou de uma canção.
    Emerson

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