sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Soneto a Nosso Senhor / Gregório de Matos.

SONETO A NOSSO SENHOR.

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido
Vos tem a perdoar mais empenhado.

Se basta a voz irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história.

Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada,
Recobrai-a; e não queirais pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.


Análise: 
No poema postado acima, vejo um grande sentimento de culpa por parte do autor, ao ter pecado, prometendo assim redimir-se. Ele revela uma preocupação com a salvação espiritual do homem. Há uma clemência pelos pecados cometidos e uma alegação de que, sem o mesmo, a glória divina se dá ao fim. ´
Na primeira frase do texto, há uma exposição de ideias opostas: ao mesmo tempo que o autor afirma ter pecado, diz não ter cometido o ato (antítese), uma das características barrocas.

7 comentários:

  1. Pedro Rodrigues que publicou o texto acima e sua análise.

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  2. Concordo com a análise de Pedro. O autor manifesta-se arrependido por seus atos que o levaram a pecar. Assim, promete redimir-se e defende que sem o perdão não há glória em vida.
    Maria Clara Menezes

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  3. Também concordo com a análise do Pedro. O autor está arrependido por seus pecados, prometendo assim, se redimir.
    Emerson Vinhosa

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  4. Ele comenta no poema sobre a ovelha perdida e se compara dizendo "Se uma ovelha perdida e já cobrada
    Glória tal e prazer tão repentino
    Vos deu, como afirmais na sacra história.
    Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada..." Que ele quer dizer que se com uma ovelha que se perdeu e foi logo encontrada todos se alegram, ele também é uma ovelha que se perdeu em meio ao pecado. Ele insunua que Deus tem a obrigação de perdoa-lo, pois ele pecou e o Senhor deve perdoar os seus pecados, se não ele não seria Deus
    Maria Eduarda Porteles

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  5. Concordo com a análise de Maria Eduarda. Nesse soneto, o autor tenta buscar seu perdão pautando seus pecados, porém no final aparece seu lado satírico, no qual ele tenta dar uma lição para Deus. Ele quis, de maneira indireta, dizer que Deus deve perdoar seus pecadores, como se isso fosse uma tarefa: já que Ele é Deus, Ele tem que perdoar.
    Pedro Henrique

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  6. Acho interessante salientar que nesse texto Gregório está sim arrependido de seus pecados, porém coloca isso de forma sarcástica, uma característica comum do estilo Barroco, que se opõe aos valores impostos pela ética cristã. Promete redimir-se e declara seus pecados perante Deus.
    Naara Silva

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  7. Estou gostando da interpretação, pessoal. Vocês apresentaram algumas características do barroco, mas nem mencionaram o cultismo. Parece que vocês perceberam a relação com a passagem bíblica da ovelha perdida, mas não usaram a palavra intertextualidade para explicá-la.

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